domingo, 8 de agosto de 2010

Análise 'Bastardos Inglórios'

Filme: "Bastardos Inglórios" (2009)
Diretor: Quentin Tarantino


Finalmente perdi a vergonha e fui encarar o tão falado "Bastardos Inglórios" do já queridinho da mídia Quentin Tarantino. A noite realmente pedia isso, nada como uma pizza e um filminho para finalizar o processo sonolenteo de um domingo. Enfim, vamos ao filme.

Nunca fui fã de Tarantino, porém esse filme me ganhou fácil, fácil. Foram aproximadas duas horas e meia que nem senti passar. Duas horas e meia que mudaram até meu modo de encarar
uma leitura de uma simples tirinha de jornal. Duas horas e meia que realmente valeram em minha vida.

O filme trata a Segunda Grande Guerra Mundial, o qual tem enfoque na França. O rumo da guerra, já conhecido pelo público, começa a ser alterado quando soldados judeus-americanos
formam um grupo voltado apenas a exterminar nazistas. E na realização do plano principal do filme, eles encontram a situação perfeita para acabar com os principais líderes do Terceiro Reich, incluindo o sempre 'peliculosamente' inatingível Hitler.

Bom, a história, bem resumida é essa. Mas a mensagem que encontrei nele, foi: a força do Cinema. Muitos dizem que a sétima arte está com os dias contados. Esse filme mostra o
contrário. É através de um filme, que líderes se reunem para confratenizar um ícone nazista. O palco para o final da guerra é um cinema, o qual (se fosse verdadeiro o final) se
consagraria e seria lembrado por várias gerações. É um filme que guia outro filme.

Tarantino consegue transformar esse simples filme em uma (propriamente dita no roteiro) OBRA-PRIMA. A violência não é excessiva, o amor não é meloso, o bem triunfa perante o mal, etc... Mas não são esses clichês cinematográficos que o fazem perfeito. Tarantino cria roteiros tão atenciosos quanto uma conversa sobre mulheres por homens em uma mesa de bar. Apresenta
cenários que refrescam a sua visão, como se você estivesse vendo aquelas TV's gigantes com imagens perfeitas em shoppings. E para coroar, ele apresenta a morte do homem
(possivelmente) mais odiado do mundo, o qual todos já tiveram vontade de descarregar uma metralhadora em seus miolos.


O filme é uma rede de inversões de lado. Isso, somado a força (interminável) dos filmes, temos a reinvenção da história. Afinal, são milhares de pessoas que acreditam em tudo que veêm na TV. Os filmes possuem isso, e sempre vão ter o poder da uma grande influência perante a sociedade.

Voltando a película, Brad Pitt manda muito bem, em uma até cômica representação de um verdadeiro soldado 'cowboy' americano, o qual, inversamente curioso, recebe o apelido de 'Apache'. Mas com certeza, quem rouba todas as cenas é Christoph Waltz, interpretando o vilão nazista Hans Landa, que mesmo sendo um perfeito líder, contrariamente se vende fácil pelo poder e fama, mostrando uma franca fraqueza na 'raça perfeita'.

E é isso que Tarantino quer dele: CONTRADIÇÃO. Ou você o ama, ou o odeia. E comigo foi assim, nunca achei nada demais em seus filmes (exceção Pulp Fiction), mas que agora, vou encará-los com outros olhos, corrompendo totalmente a minha primeira idéia que tinha antes de ver uns de seus trabalhos. Se você discorda e não considera "Bastardos Inglórios" uma obra-prima, já está realizando o que Tarantino quis, contradizer alguém. Fui!

3 comentários:

  1. Gostei muito do quarto parágrafo. E de fato, a atuação de Christoph Waltz foi magnânima: ele consegue representar um personagem sufocante, o qual é impossível julgar pelo comportamento em determinado momento, que sempre está dois, senão tres passos à frente da situação. Vi algo parecido num filme estoniano (sim, da estônia!) que vi um tmepo atrás com o Garcia, que se passava num gueto neste país. Sufocante.
    Belíssimo texto. luis clareano!

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  2. AAH, esse filme é muito foda mesmo!
    Ei, Luis, só pra avisar que tem um selo pra você no meu blog! Beijos

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  3. Tarantino consegue extrair do simples grandes obras, Grande Diretor!

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